terça-feira, 28 de junho de 2011

Soluços

Prantos forram meu tapete dourado da pérsia,
me desfolho no desenlace dolorido da inércia,
lágrimas escorregam, floreando meus lírios flamejantes,
ouço cantigas, operetas, gritantes, clamantes.

Participo de torneios de artes e tento esculpir minha dor,
descomprimo meu peito, como o abrir de uma flor...
Longe, ecoam-se gritos de liberdade de seres cantantes,
minha alma está encarcerada entre atos horripilantes.
 
Vejo lantejoulas caídas no lodo, enlameadas,
vejo ourives criando jóias adulteradas,
falseio tudo em meias verdades esfumaçadas
só para angariar emoções perdidas, perfumadas...

Garimpo pétalas de amor no regalo da vida,
tentando recuperar pedaços de uma vida esvaída.

Injeto gotas de sanidade em meu peito cansado,
busco na santidade eliminar esse pesado fardo.
Fujo da inquietude e assisto brincadeiras ao lado,
folhagens verdes se misturam ao estrume adubado.
 
Entro em meu habitat, cheia de desgostos,
dou abrigo a todos e tento acariciar seus rostos.
Algumas metades não conseguem se juntar e estilhaçam no chão,
ignoro o barulho estridente e bato de frente com minha mão.

Saio da agonia e enxergo gaiolas de ouro fascinantes,
fabrico novas sensações e fujo de ourives farsantes,
quebro a maçaneta da porta e fico presa por alguns instantes,
dou alguns passos e me perco numa dança inebriante...


Vou me juntando a Baco, Afrodite, Zeus, formando uma roda universal,
sinto minha pulsação intensa e irregular, fora do normal.
Quebro relógios ao meu redor e faço a inversão do tempo,
com fantasmas me rodeando, brinco com eles nesse meu doce lamento...
Ganho ramalhetes de flores e jogo pro ar, celebrando a vida,
entro num rio pequeno e tento molhar meus pés, cheios de feridas.




The End

Nenhum comentário:

Postar um comentário