quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Intimidade devassada

Meu corpo

fonte de prazeres

se esvai em desejos  escondidos

da permissividade retraída,

de afetos sujos, roubados



me dispo na rua,

sou possuída por transeuntes obscuros,

minha alma marginal clama silêncios!

Mas meu corpo se distrai no comichão

de ardores apimentados,



abraços desnudos  acolhem  meu corpo infértil

farturas e fraturas combinam-se nas esquinas dos esquecidos



sento no lixo da agonia e do perdão,

transvisto a culpa em morcegos dourados,

levanto voos em desejos ardentes,

esculpo minha alma marginal

e desfilo com cães,

verdadeiros guardiães do futuro!



The end

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eu e minha mãe, pai, irmãos... Ah! Família! Ufa!

Pai, Mãe, irmãos, etc... artistas dos mais famosos em circos do mundo inteiro... brilham nos 

picadeiros, em apresentações repletas de acrobacias...

bipolares por natureza, envenenam e encantam nossa vida;  ora cinzenta, ora multicolorida.

Ficamos a mercê de seus mitos... escorregamos em seus conselhos e ajoelhamos em suas rezas.

Herdamos suas vitórias e derrotas, neuroses e anomalias, enfim,  todo o pacote...

Seus primores e condolências se perpetuam, desde a pré-história... até os arredores de tempos atuais, em ajustes e desajustes esmerados, desmesurados.

Necessitamos de seus doces afagos; às vezes doces demais, até talvez um pouco açucarado, meio passado, outras vezes,  um pouco amargo, azedo;  mas, somos primatas no carinho e não sabemos lidar com  a rejeição...

A imagem da família ressoa, como um grande  maestro em orquestras; desafinadas, em acordes sonolentos, ou como uma nona sinfonia de Beethoven, com clamores fortes , em bravatas!   

No plano familiar, somos seres simbióticos, xipófagos, psicóticos...

Sofremos com o  cárcere dessa redoma familiar, e não conseguimos sair dessa prisão!

Somos castrados e endeusados em sua redoma de amor, não abdicamos dos seus doces afagos e afetos, às vezes, corrompidos, deteriorados...

Ansiamos um lugar no colo deles; entramos no ringue com irmãos & cia. ltda... e entramos para vencer... ai de nós, se perdermos essa boquinha... força e fúria compõem  essa relação ambígua, desbotada com o tempo, mas renascida sempre em berços de pássaros fênix...

Construimos nossos mitos em alpendres de prata, esquecendo de calçar sua base...

Soçobramos aos cacos, quando em relações futuras com nossos parceiros, não conseguimos nos colocar verdadeiramente, e perguntamos: cadê o colo? Aquele colo fugidio, quente demais, ora frio, mas é colo, que em termos etimológicos significa: embocadura estreira de alguma cavidade, ou seja, colo do útero...

Saímos do útero e voltamos ao útero , em cavernas escuras, buscando  nosso espaço, nossa luz, nossa razão, nosso patamar freudiano...


Ah, família! Bah!

                              
The end

Vergonha da alma

Às vezes, o sombrio ressurge...

Nesse  momento, a futilidade aparece em cortejos só para dissipar a dor,
necessito  de um respirar...

A nebulosidade espreita,

d
iante da permissividade, minha sensibilidade é sugada,

Diante dos espectros do passado,


minha alma rodopia...

perco o encontro comigo mesma...

espectros do passado rondam minha alma...

A noite dorme, e eu com meus espectros do passado, rondando...

A nebulosidade me atrai,


me perco nos rodopios da alma e me deito no abismo;

da indolência, do medo e da tristeza,

sonolenta, ela se prostra no recôncavo da vida,

Entro em minha volubilidade feminina,

ensaio a firmeza e sinto


que a vida não me pertence, e

que é falsa a comunicabilidade da emoção!


The end

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Carnificina



E da carne se fez verbo
a carne esponjosa, sobressalente, rompida
de desejos perfurados,
de crateras sensoriais,

No ritual dos desejos, cumprimos ordens,
catalogando o ser sensorial,
envergamos nos espasmos, caindo nas encruzilhadas...
fraturamos areias movediças, entre sevícias e perícias,

Em sucumbências universais, em dívidas de mea culpa,
atravessamos camadas dos sentidos, perfuramos crateras sensoriais, 
criamos robustos seres, escravos...
 
Em estadias  controvertidas,
caímos na perdição dos sentidos,
do limo perdido,
e o mundo se fez em uma só carne,
carne carnificina.

The End

O tempo

O tempo! Ufa!

Ele existe, sim. levanta poeiras e derruba fronteiras,

Um respirar, um olhar, um perfume...

Congratulações para os mortos que se foram e teimam em voltar...

Saudades do tempo que se foi...

Choros de afetos perdidos em silêncios mortos

de dores submersas em cantos do peito...

Entrego-me aos abismos da alma

para esquecer o tempo...
             The end

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Medo

Encaixoto caixas gigantes no meu quarto escuro,
vejo seres invisíveis atravessando o muro,
percorro o corredor estreito com tremores no peito
vejo moribundos terminais deitados em seus leitos.

Caminho entre nuvens escuras assombradas
com a coragem cambaleante amordaçada
entro num túnel escuro e caio no desfiladeiro,
vejo estátuas petrificadas enterradas em canteiros.

Imobilizada, olho o horizonte acorrentado nas planícies,
com pássaros negros voando seus voos rastejantes
estoco aflições antigas em armários descascados
sou atacada por delírios, com o coração disparado

Vidas amortecidas com sua gênese esquecida, 
amorosidades petrificadas deslizando no gelo,
enlevos perdidos massacrados entre duelos,
seres partidos, sem esperanças,sem apelos.

Parada, sucumbo como uma casa demolida
desnudo minha alma cheia de feridas
viro o pescoço e enxergo vidas esvaídas
sem esperança, em desamor, exauridas.

Fantasmas da agonia passeiam ao meu redor
trêmula, com suores, me escondo entre lençóis
com as mãos amarradas, comprimo todo meu ser
desanuvio minha mente e começo a correr.

Entre arbustos e gramas verdes caio no chão
olho para o medo e pego em sua mão
amando sua rejeição com compaixão
nomeio o medo como meu guardião.

Desanuvio minha mente da escuridão,
elimino fantasmas da minha fantasia
rodopio com o medo em acrobacias
e vejo o despertar de um novo dia.

Galhos e flores começam a brotar,
me depuro do medo e começo respirar
novos ares, novas canções, a suspirar,
iniciando nova vida em direção ao amar...

The  end


Tristeza e indignação

Cambaleando  entre as grandes massas, lá vai a tristeza: massacrada
vendo seres grandes, grandes seres,  se transformando em nada
com seus corpos robotizados em suas vidas esvaidas
com suas almas em penúrias, agonizadas, divididas...
 
Inconscientes  atiram diamantes pelas janelas
plantam flores, colhem embustes, bagatelas
trocam fraudas num sistema velho ultrapassado
jogando frutas doces saborosas num lixo amassado.
 
Como pássaros se transformam em  morcegos
tomam  medidas como placebos                                                         
investem em corrupções purulentas
se enganam, se violentam se atormentam.
 
Seres... fantasiados, camuflados, atraiçoados,
anestesiados, sossobram como devaneios em vão...
inválidos-permanentes se arrastam no chão
peregrinadores cambaleantes da escuridão.
 
Como canarinhos, bem-te-vis são açoitados
veem troncos de seus seres com raízes extirpados
erguem seu pescoço em escuridões esfumaçadas
como seres maltrapilhos, indigentes depauperados...
 
Corvos fazem amor e começam a uivar
lobos gigantescos escancaram seus olhos e começam a piscar
me encosto nas árvores, descanso em  seus galhos
exausta, cambaleando,  me embaralho
cipós se cruzam e formam um berço
como um nenezão, cansada, adormeço.

The End