terça-feira, 14 de agosto de 2012

Afrodites bichadas



Bonitas e famosas. Perfeitas

que caca, não?


rostos esticados, peitos siliconados!


e a cabecinha, neca!

boneca, peteca!

Como cerejas mofadas vivem na penumbra...


Máscaras coladas no vazio, no nada...


Pergunto


meninas tristes, por que vivem o avesso da essência?


Tu és um sopro ou um devaneio ?


Como podem viver sem essências, se equilibrando entre saltos e estrelas decadentes?


Vivem de uma fome de afagos da verdade


vivem da estranheza dos terrores amedontradores


e elas respondem,


somos filhas da mídia, e se a desobedecemos, vivemos à margem...


Respondo


mas diga-lhes que esse oco dói e que vocês querem o cheiro da vida!


e que é preciso amainar essa angústia com tons de claridade e benevolência!


e que não podem esculpir essas dores no vazio...


Vivem no descompasso...


Tento me aproximar de suas faces e tocar seus rostos,


e elas com os olhos empoçados de curiosidade, respondem


"Como foi que desaprendi de ser humana?"

The end

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Indenização




Soturna, sorrateira... bate à minha porta...

Ah... vem cobrar-me????


Mas antes, cobro de ti!!!


Todos os perjúrios, de tudo o que me prometeram e que me tiraram!

Quero a indenização dos meus sentidos fraturados, das minhas ideias quebradas,

das falsas ideologias, dos meus sentimentos perfurados, da minha alma maculada!!!


da minha vida roubada...


Você, cínica e indecororosa que só sabe cobrar...


Libertina, safada!


Quero a indenização de minhas dores invisíveis,


E a culpa, solidária à indenização, se reestabelece afirmando: " oh, oh, eu te indenizo das dores invisíveis, aclamadas, escondidas em subterfúgios

de desejos reprimidos; bah!

Eu quero a indenização social dos meus desejos íntimos


do meu desencanto


da minha ruína amorosa


de tudo aquilo que tive e perdi


da minha penúria íntima,


dos abraços perdidos,


dos pecados não cometidos


de memórias esvaídas...


Entre débitos e créditos,


você se safa, na saída,


creditando seus valores,


e eu, em débito, credito palavras em vão...


assistindo a hipoteca dos meus bens imorais sendo levados à morna moralidade...



The end