quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fígado




Minha cabeça dói...
meu estômago vira,
não consigo quase enxergar

diz o médico,
é a alimentação

diz o alternativo,
é a raiva

e vou caminhando turvamente

me esbarrando em loucas
e em loucos caprichos

sem atender os pedidos da alma
tombeio até ficar com os pés feridos

tentando recobrar a minha lucidez.

 

The end                                     

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Bagunça




Não acho nada,
não encontro coisa alguma

Me esbarro no lixo do lixo

Divago com a janela aberta

Olho a textura do tempo seco
Olho o copo sujo de vinho
com o azedume do ontem

Só consigo atinar em marchas fúnebres

Mas alinhavo a minha trajetória
Tentando poupar-me
para esculpir novos dias que amanhecem

Sem vigor,
Sem rubores

vou costurando o dia a dia até o anoitecer...
 

The end

Ruínas




Meu corpo está em ruínas

minha alma pendurada em sabiás coloridos, desaba!

oh! frescor da noite, onde estás?

oh! poetas do amor, onde se esconderam?
 
Brincam  com meus sentimentos e se escondem atrás dos muros?
 
Vou esbravejar e contar até três...

Um... ciranda, cirandinha, vamos tomos rebolar, vamos dar a meia volta...volta e meia ...

dois... o cravo brigou com a rosa,

três... nunca aprendi a existir... só pesadelos voluptuosos...


Por que??? Porque quando vou falar de mim, sombras de outros me invadem...
 
Carniças do passado esbravejam em busca de tesouros perdidos

ouros, brilhantes e diamantes sucumbem num mar poluido, desvalido


Crueldade, roubas o que há de melhor em  mim!

Oh! Vida drogada, cambaleante,

vem ao meu encontro já cansada, esbaforida

Combinemos então, não me esperes para o jantar

hoje quero jantar com os esquecidos


brindar com os desvalidos a aflição desamor

arrotar jardins murchos, sombrios,

de cores cinzentas para o escurecido

lamúrias, gentalhas!

canalhas!

Vivem se pendurando em mim, com o intuito de me agradar,


mas te conheço muito bem!

Desventura é o seu nome e mentira o seu sobrenome

Saiam do meu caminho!

Quero triunfar o tempo perdido!

Escouraçar-me na multidão que me rodeia


e me lambuzar de alegria

velha amiga  perdida, sequestrada!

nesse sequestro relâmpago, ela se apartou de mim e

nunca mais apareceu...

"A ironia é a expressão mais perfeita do pensamento".

The end

Amnésia




Oh! deusa do labirinto? onde se escondes?

Quero você em minha vida

me ajudar a tirar roupa suja-usada do meu guarda-roupa velho

eliminar massa cefálica leguminosa, sebosa, cheia de tiques  nervosos

dançar com o inusitado às margens do rio Nilo


colocar álcool e fogo dentro de cada micro-célula

quero ares em discordância

fazer explodir o conformismo,

como a menina suja que come chocolate

É no esquecimento que vanglorio minhas incertezas


 Implodindo Narcisos e Espectros

Mergulhar em céus invisíveis,

E explodir essa indesejável mania de ser!


 

The end

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Facção criminosa




Rouba em perjúrios!

minha decência, minha demência!

e me deixa desnuda, em lamas inférteis!

bulina a minha respiração, meus devaneios,

e me deixa em prantos!


facção criminosa!

permutas mel em merdas vadias

abafa  o meu grito primata,

e me deixa à mercê de leões enferrujados,

Deixa eu deseixar, deslizar, em sabãos deslizantes

sem cheiros ,  incolor, espumantes


com o meu desamor, minha escuridão, minha agonia,

não seja cúmplice de minhas inverdades

quero mergulhar, afundar minha cabeça em vulcões explosivos!

quero amanhecer só,


desnuda

em cinzas,

pretas, ralas...

mas só!

eu com o meu eu... criminoso,

sem facção, sem emoção blindada...
 

The end

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Insinuação






 

Insinuas que sou brega, difícil...

tantos adjetivos, e daí?

amarguras adormecem em barbas grisalhas

dificuldades rolam

deixa rolar


opiniões não são garantias de vida

vaidades são fissuras da desarmonia

Em isolamentos e refúgio humano

Discordo de ti!

fecha tua boca cheia de dentes cariados!

Enfia sua língua nesse cu enrugado

E me deixa em paz



A lucidez dá enjôo e insinua vômitos.





The End.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Delírios em mingau de merda

                                          

                              
"Na alcova mórbida e morna a antemanhã de lá fora é apenas um hálito de penumbra".


Um corpo sem existência perambula em ruas sombrias da madrugada, em delírios

Na mão do invisível respinga insanidades...

Braços com mãos amputadas remexem o baú dos desafetos
Um namoro com o impuro reverbera  a delícia de mentiras verdejantes

No cultuar do fétido, do desamor, do desconhecido, geram-se paraísos artificiais bem cotados


Em vômitos amanhecidos exalam-se sentimentos de plásticos, esborrachados


Ah... verdades bravejantes... sem vergonha de existir, evacuem o ranço da mesmice, da chatice, da breguice!


Desapareça, oh, barro escuro dos afetos!

Camisolas encobertas em sangue reclamam desejos roubados

Oh, negro da noite e oh, frio da madrugada, amigos de longa data, em tempo de desamor,


vamos brindar a existência, com o copo cheio de delírios, beirando a demência,

Convidemos  os delírios para um jantar em nossa casa, e iniciemos um diálogo na sacada, reverenciando um luar perdido, imerso em escombros da noite.
Um lobisomem entra e toma conta dos desejos e anseios...

Prendamos nossas  famílias num formigueiro... Se bater a saudades, nos transformemos em formigas, entremos dentro da terra para descobrir a isca da vida!


Uma massa cinzenta cobre sentimentos

Fantasiamos aflições em delírios e naufragamos no rio negro com os pés em feridas e pernas retalhadas
Vamos nos perder no barco das ilusões

Andar no desencanto da noite e sorver o ar gelado, endurecido

Vamos brindar!

Comer um mingau de merda e adormecer nos escombros da terra com raízes apodrecidas.
The end