terça-feira, 23 de agosto de 2011

José Patrício II

E agora José?

o amor vingou!
a tristeza aquietou!
a paixão trinfou!


Vem!  se joga em meus abraços!
regarei teu corpo,
com pétalas coloridas
te redimo  dessas feridas,


amor querido,
com som  em libidos!
floreios em devaneios...


celebraremos o amor,
com  fulgor!
em canticos de louvor!


Vem, vem pra mim,
se deposita em meu corpo...
engole meus sentidos!
arrasta meus gemidos!


desencantemos a solidão,
me envolva na contramão,
do desamor,  da agonia,
dessa tristeza vadia,


vamos colorir nossas telas,
com passos novos de dança,
reverenciar essa criança,
desanuviar a esperança,


vem comigo...
roça em meu umbigo,
seu corpo, suas feridas,

brindaremos em dueto,
os desafetos, os apertos,


vamos gritar a vida!
vem beijar sua querida!


               
              na estrada sem fim,
              de mãos dadas enfim...


                          The end

Recado para Zoila, mãe amorosa

Zoila, querida,
quero ser sua amiga!

Vem proteger meu renascer!
do furor desse amor!

com suas mãos carinhosas,
abençoa esse ninho!
de seus hijos,
José com fé, e
Luiza que profetiza!

vem trazer sua alegria,
dos requebros de Maria,
de Zoila bailarina,

que canta!
que ama!

vamos reunir em famílias,
empanadas e carbonadas!

degustar um bom vinho!
em carinhos e muitos mimos!
com um bom arrasta pé,
Zoila, Luiza e José...

celebrando uniões...
Brasil e Chile,
em belas canções.
The end

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Suplício de uma paixão



 A paixão é primitiva, pueril, irracional, devassadora, por isso é destrutiva, 
sem visar essa autodestruição.
É como um brincar no precipício, ou você cria asas e voa como pássaros, 
ou você escorre como lama, precipício abaixo.
É mortal sim, mas o que não é mortal?
É um alimento-veneno, com suas contradições, aberrações.
É como um gole de cachaça, depois o fígado que aguente.
É o ópio do amor.
Ah! Mas o que seria da literatura e da poesia, sem esses venenos?
Mas também existem sentimentos passivos que destroem muito mais que a paixão: 
a compaixão é um deles.

Saio do inferno de Hades e deixo de ser presa da loucura
Refloreio meus jardins e reabasteço meus potes de mel
Labirintos abrem suas frestas, exalando uma brisa com fel
Pássaros invadem minha cabana e rompem a laqueadura,
Saio da minha floresta interior, chorosa e  cheia de amargura.

Corro da deflagração descontaminada e dou rodopios flamejantes
Lampejos da claridade dão tons de esperança delirantes
Fantasio meus devaneios com a graciosidade de novos dias
Sou arremessada da escuridão e faço lindas acrobacias.

Transformo meu deserto afetivo, num patamar verdejante
Chacoalho meus quadris pra essa indecisão mirabolante
Saio dessa aridez destemida, com sofreguidão
Me sincronizo com a Paixão de Cristo e sua crucificação.

Leio o livro de Clarice Lispector, G.H., que  fala de paixão
De seres multifacetados, truncados,  vivendo na escuridão
Buscando  seus pedaços nos escombros de seus ancestrais
Esfacelados, quebrados, se arrastando como animais.
 
Ressuscito , serenizo, renasço e me parabenizo
Entre rampas e barrancos dou solapadas na  respiração
antecipo  minha liberdade dessa antiga alucinação
eliminando vestes desbotadas dessa velha e antiga paixão.

Tiro meus chinelos e piso forte na terra, com um novo eixo vertical
Subo  num  paraquedas e vejo a Terra lá de cima num tom magistral
Me sinto gigante,  formosa,  superior, até  grandiosa
Vejo balões coloridos flamejantes se esvaindo num  céu cor de rosa.
 
Cuidadosamente, desço do meu balão, na ponta do pé, como bailarina
Faço uma apresentação no palco da vida com um chão coberto de purpurina
Espremo o azedume da vida e jogo  seu  universo fosco num  cântaro sagrado
Estendendo o toldo da renovação  nesse  território delimitado.


Descasco pétalas de rosas sob espinhos e machuco minhas mãos
Me liberto sonolenta e cansada das agruras dessa paixão
Redescubro meu corpo com o coração renovado
Liberto minha alma desse  grande e pesado fardo.

Me masturbo no rio dessa floresta completamente  nua
Me dispo  dessa paixão visceral, cruel e crua
Anseio novos amores, deslizo em barrancos enlameados
Caindo do outro lado , com afetos não rotos e amores cruzados
Com a força dessa  nova paixão, visto meu vestido decotado
Vermelho, sensual me engancho em um novo ser amado.


Desfilo  como porta-bandeira com os pés descalços
sambo  na avenida   ganhando   carinhosos  abraços
com graciosidade e repleta de grandes emoções
vou deslizando meus pés para  novas direções.

The end

Corações em lágrimas

Tiro os esparadrapos de almas  remendadas,       
estanco seu sangue com a brisa do amanhecer.
Silencio a dor com suspiros e respiros,
dou voos imaginários incandescentes,
visito santuários de pedras reluzentes.
 
Amacio sua escuridão com luzes escandinavas
visto luvas macias e acaricio seus recôncavos
fantasio aflições em esperanças com lembranças,
pego no colo um baú de tesouros do passado,
escorrego, caio e quebro seus cadarços.
 
Na fileira das emoções, escolho o amor.
Bálsamo da alegria que cicatriza a dor,
emperolo suas feridas com cetins borbulhantes
levito  e viro plumas num céu de amantes.

Saio correndo num amanhecer nublado,
viro duas esquinas e saio do outro lado,
desencanto numa  rua escura chamada pecado,
coloco meu vestido de pedras de cetim dourado
e caio na lama gargalhando com meu ser amado.

 
The end.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mãe Juju

Uma homenagem à minha querida mãe Julita Silva Oliveira.


Alma lavada, menina engraçada, castrada
pelas tradições do sertão baiano e do pai tragada,
queria ir a escola e barrada pelo pai conservador:
que menina que ia para escola ia namorar, um horror!

Vovô baiano, ingênuo, primitivo, gentil,
fruto das tradições e conservadorismo pueril.
Salve!!! Salve!!!Gênios loucos com baba!!
Salve, salve os Ruis Barbosas do Brasil!
 
Mãe-julita, menina bonita!
Bingueira, são-paulina fervorosa,
politizada, cheia de criticidade, amorosa,
de sua terra sente saudades, chorosa.
 
Gosta de roupas coloridas, de babados e flor,
ama a vida em intensidades e louvor!
Matriarca assumida, tem a vida correspondida,
caridosa, expande seu coração cheio de amor!
 
Falante, comunicativa, delicada e gentil,
deixou homens arrasados com sua graça juvenil,
ama seus filhos e seus netos como suas crias,
rezadeira de Nossa Senhora e de seus santos espalhados,
cuida de suas plantas assistindo à missa todo dia.

 The end

 




José Patrício

E agora, José?
 
O pão queimou!
O leite derramou!
Mas, o amor vingou!

É o brilho das estrelas,
É a cadência do luar,
que conduzem ao amar.

É no fogo da paixão,
É no reino do tesão,
que o amor floresce,
acontece,
fenece,
enrijece os sentidos,
desencanta a libido.

E no regalo do carinho,
que criamos nosso ninho,
colorido, florido.

Sou possuída pelos afagos,
me afogo no lago dos magos!

Solto gemidos de dor,
do amor, em fervor,
que reina, abastece,
amadure e acontece...

                                  em corações
                                  amorosos, saudosos...


The end

Um rap para São Paulo da garoa

São Paulo da garoa,
da chuva que não escoa,

das enchentes, das nascentes...

Cemitério da Consolação,
Augusta e Paulista,
arco-íris e ametista.

São Paulo ronda os butecos,
há sangue no bar,
você não soube me amar,

gente louca, varrida,
hemorroidas e polaróides,
academias e poluição,

esteiras e samba-canção,
solto gritos de emoção!

Garganta seca,
CADÊ A NEGA??

Solta aí uma cachaça,


são os borburinhos dos bares,
é a eliminação de todos os males,

solta a tensão!
Stress, depressão, poluição,

olha, que isso dá uma canção...
 

The end

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Imagem




Somos fétidos e perecíveis, remanescentes da condição humana submersa nos esgotos, cheio de larvas, enquanto não conseguirmos quebrar esse boneco de gelo criado pela imagem,  que significa, boneco de vidro, congelado, criado pela ditadura do desespero  e do medo;  são  bocas amordaçadas... Poucos possuem a coragem de quebrar esse vidro e deixar escorrer o sebo gosmento, visceral e humano,  que existe dentro de si... Usamos máscaras de ferro para não deixar escorrer esssa secreção, purulenta,  dos tumores intumescidos  da aflição e do desamparo. 
Somos super homens de babadores criados pela existência pré-fabricada, somos remanescentes da multidão insalubre afixada nos murais da tristeza e da desesperança, irmanados em cantos sem glórias.
Acudimos um bebê e não conseguimos tocá-lo.

Sonho da inquietude




Durmo... esqueço.
Na inquisição dos sonhos,
esqueço de minha alma enclausurada.

Eu nunca fiz nada na vida, a não ser sonhar...
Nunca penetrei no que não é, e no que não pode ser...
 
Paisagens irreais sempre me atraíram,
como um mundo falso que sempre me cercou.

Acordo, no dilúvio...

E eu, chorando,
um choro nulo, chulo,
de minha mágoa fútil.

Da verdade que pensei e criei...

Me enrolo num cataplasma  de sonhos e ficções,

de repente, vejo os vidros embaçados da janela,
deparo, entre ruídos e carros,
 
Desperto...
A chuva cai infortunadamente,
meu coração se acalma,
sem decifrar, sem pensar,
me sinto mais feliz...

 
The end

Pai Candinho

(homenagem ao meu querido pai, in memorian, Cândido de Oliveira Grilho Filho)

 
Pai Candinho, flor masculina maculada em doces espinhos
canduras de amor,  imersos como presas em ninhos
amor em dor, varrido desse universo sem versos, sozinho
força-motriz vitoriosa derrubada como árvores de pinhos.
 
Inspirador de Voltaire,  que mescla ingenuidade e esperteza
entre discussões filosóficas exalta sempre a  delicadeza,
irreverente, debochado, passando por todas as dores,
apaixonado por Cunegundes, sofrendo o mal de amores.
 
Órfão da vida, atitudes viris,
figura humilde, homem soberbo.
Com suas mãos fortes e suas pernas em passos largos
me levava  para a escola, apressado, em doces afagos,
pequenina, corria com meus passos infantis,
tentando lhe alcançar e me fundir em  sonhos pueris...
 
Voz forte, valente, supremo, em coragens sem adereços,    
tradicional em  armaduras sem couraças,
guardião familiar, como cimento em argamassas.
 
Em tons dramáticos emitia sons em clima de opereta,
mascarando ternuras  borbulhantes  de sua faceta
salvador de ninhadas do circo de horrores
imantava  seus filhotes com laços  protetores.
 
Um poema é pouco para revestir sua fina maestria,
ser  iluminado, poeta-marginal, como mitos em profecias
pai miraculoso, regedor de minhas fantasias,
patriarca, condutor-familiar de lindas sinfonias.


The end