sexta-feira, 17 de junho de 2011

Celebração

Me engancho em contornos, nos rabiscos da vida...
Fujo do definitivo, das frases feitas,
transpiro gotas da relva, do orvalho do amanhecer...
Me desobscureço em folhas molhadas, pela garoa que cai...
Paredes antigas, umedecidas esfarelam, sucumbem no passado lamentoso...
Canto com os pássaros, visitantes assíduos de minhas janelas.

Regurgito bênçãos,
passo uma borracha  em murmúrios antigos...
Como sacerdotisa do amor, me deixo queimar em labaredas de carícias chamuscantes...

Negligencio a densidade da aflição,
me esbarro em árvores verdinhas suculentas
deixo meu pé fincar na terra vermelha molhada.

Abro as cortinas dos meus olhos e visualizo montanhas sagradas
Comungo com monges a leveza do viver
Penso em Kurosawa e descubro novos caminhos da vida...
Caio no desfiladeiro de Nietzsche  e me lambuzo do acaso...
Crio asas e voo no infinito.
Dou rodopios com o primitivo, de mãos dadas com o pueril...
Desfaleço nas orgias de Baco, caindo nos braços de Afrodite...

Extraio meu dente podre da minha boca ensaguentada,
me banho em sangue novo, borbulhante, emergente...

Raspo as costeletas de Elvis Presley e pulo de paraquedas com Lenine.
Visitando novos territórios
desobstruo minha alma de antigos pesadelos,
e caio desfalecida entre pétalas perfumadas de rosas.
Me banho nas espumas flutuantes de Castro Alves
cultuo meu habitat poético sagrado,
e reverencio poetas da vida, do mundo das orgias.

The end.

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