quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dor sem rastros

Velejo em mares bravios, sem  saber nadar,
me encosto no deus Netuno, glorioso deus do mar...
Arranco enfeites supérfluos da minha casa dourada,
desenrosco calos da alma da vida inerte, desalmada.

Me encontro com marginais pedintes em plena avenida,
assovio canções tristes e me perco numa subida
da rua da aflição, entro numa rua contramão...
Sozinha, chorosa, escancaro minha solidão....

Consolo-me com o vinho, a água e o amor
assisto uma grande missa, cheia de louvor,
reencontro minha fé perdida, escondida...  
Regurgito a esperança numa terra banida...  


Perdida, cheia de feridas, numa rua  esvaída...
Procuro uma cachoeira e rezo pra minha padroeira,
ouço fascinação com o coração arrebatado,
deixo feridas abertas e  meu vestido desabotoado.

Busco minhas  raízes e me perco na escuridão
me escondo na infância e começo jogar botão,
dou um abraço em meus sentidos e rasgo meu vestido..
Fervorosa, sem escrúpulos, solto minha libido.

Oh! Amorosa vida que aqui me chama
exalo o odor da dor e caio na lama,
me deito no templo da perdição entre  afetos do coração,
deslizo na vida gloriosa, em pura comoção.


The end 

Um comentário:

  1. Seusualidade, fé e coração. Dizem, há um contra-senso com a razão! Contra-senso? existe razão maior para se viver além da prórpia vida? Prabéns por mais esse belíssimo poema. beijos.

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