terça-feira, 20 de março de 2012

Sensações




Existe um cadáver assombroso  e insepulto das minhas sensações

que me persegue, que flutua submerso em memórias, in memorian...


um paradoxo entre alegrias flutuantes e meu pesar, triste, doentio...


de pedaços de vida, esfumaçados, petrificados, cheios de pesticidas...


como carnes penduradas diante de abutres temerosos


vou escalando montanhas perigosas, em terrores escondidos



Minha alma oculta está no precipício das ilusões


como um tédio jorrado  da  maestria da vida


E assim, vou  me ocultando...


entre pesares e dissoluções,


meu  ser se transforma em  fios de fumaças pendurados


em esquinas que dobram,


flutuam, desaparecem...

e mais nada...


 
                                                      The end






terça-feira, 13 de março de 2012

Violino tombado

Meu coração chora como um violino desafinado...

lamentando acordes que não virão...

como o silêncio desabrigado

como flores sem tons, sem cores

Há um grande cansaço na alma do meu coração

Vivo romances da nobreza, em ficção...

como o violino tocado sem dedos,

como faces tombadas sem risos

São as condolências da razão

Aumentamos intensidades...

mas o coração quebrado com o cadeado arrombado, desconhece

as razões da paixão...

Findamos o existir, arrastando, quase sem fôlego...

Somos marcados com máscaras de ferro...

Viramos soldados do inferno

Defendemos batalhas inglórias

É a esperança com reticências...

São os favores do amor

É o fim da espécie amorosa, sem frison,

Sem som, sem clarão,

Em plena escuridão.

 
The end

quinta-feira, 8 de março de 2012

Fundo do poço


Mergulho no vazio em cacos

ouço ruídos do trincar de  ossos

vejo a escuridão e me apoio em paredes de papelão

aquieto e aqueço minhas entranhas

pra não sufocar, angario suspiros e respirar...

farta em comilanças, me despejo no poço sem fim,

atravesso seus detritos e sua escuridão,

encontro cogumelos coloridos,

fatias de sentimentos cortadas, cheirando à mortadelas,

adormeço em fezes endurecidas

visualizo antenas partidas em curtos circuitos

faíscas do sangues em borbulhos...,

espremo toda a dor

descarrego  meu varal de de sonhos apodrecidos da infância,

desperto na maturidade endurecida, tesa, escorregadia...

abraço meu limo, meu cheiro de desamor

acaricio meu desnudamento,

em cinzas, me vejo

voando pelo infinito...


 
                                                                       The end




                        

terça-feira, 6 de março de 2012

Compradora de sentimentos


Compro sentimentos,

pago bem, quanto você quer??

pago um abraço, um aperto, um beijo...

como sementes que germinam, quero viver...

semear frutos e flores,

me lançar no rio da fertilidade,

sentir pulsações e inquietações...

não quero a quietude de águas paradas,

quero a entrega, o sonho, a magia...

a fantasia, o toque...

não quero o bolor do ranço...

do medo, da desesperança, da apatia,

quero árvores verdejantes,

ventos em agonias

varrendo dias parados em desesperanças

quero o querer

quero o amor, sem o preconceito

quero o sentimento...

                                                                     The end