últimos dias do ano...
um desfile de incertezas
a roda que não para de girar
dorme, dorme...
crianças em calçadas sujas
limpa, lava, torce
e esse cheiro que não sai
essa nostalgia maldita
dos que se foram...
o tempo borrado
não dá pra enxergar
os tiros sem alvos
as cortinas cerradas
e a solidão
um caminhão de recordações
e as ausências
dos beatles beatificados
dos woodstocks assertanejados
e o vazio endurecido
enfia o dedo no cu e grita
essa terra não é mais sua
você já não mais se pertence
pertences viram cinzas
e nossos ideais
calcaram em pós
escureceram as salas
vai começar o filme
não pula a janela
vai sujar a calçada de sangue
e o lixeiro tá em greve...