terça-feira, 31 de maio de 2011

Carícias da noite




Atrás da rapariga com sua maquiagem borrada, existe um discurso masculino sem afetos, um tratado sem Tordesilhas, uma amorosidade raspante, um coro de vozes discordantes, um amor sem amantes, fragmentos de almas em desencanto...





Um corpo sem carícias se esvai num céu sem estrelas,
carícias da noite adormecem no colo
Noturno de Chopin.

Entre ruínas e paredes descascadas,
vejo o quadro de Van Gogh caído no chão.
Entre luzinhas coloridas piscantes,
garotas se debatem com suas asas picadas,
no picadeiro da ilusão.

Me enrosco em rabiscos de prazeres noturnos,
sou carimbada  na entrada de bordéis,
extasiada, presenteio a lua para anjos da madrugada.

Entro em ninhos aquecidos e enterneço aflições geladas.
Saio da visceralidade diurna e circulo na noite  solitária,
com sua chuva persistente, desfilo com  animais...

Me descontamino das ruas cheias, e dou colo pra solidão,
escancaro meu corpo em plena Avenida São João,
entre juras e perjúrios, sou pura exposição.



The End

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