terça-feira, 3 de maio de 2011

Romantismo em baixa ou céu degradê




Cai o véu de organza, a nuvem pendurada,
o céu escureceu e perdeu seu azul,
mas ele ficou mais bonito, escuro, degradê.

Saio dos escombros do romantismo
ilesa, forte, sã e salva...
Meu corpo recebe flechas cheias
de veneno da realidade,
meu sangue depura, renova e as expulsa.

Realidade imersa, submersa.
Negra, de uma negritude lustrosa, reluzente.
Saboreio morangos vermelhos, meio passados,
seu gosto ruim, azedo, não me surpreende.

Como diz Nietzsche:
 tudo que não me mata, me fortalece.
como diz o dito popular:
o que não mata, engorda..

Dou  tapas na escuridão,
em mosquitos venenosos,
zumbem  em  meu ouvido,
picam meus abraços,
ando perdida, sem abraços,
colo minha foto,num mural
e fico olhando, com um sabor de lirismo,
os abraços envoltos no meu.

Vou à cozinha e dou uma remexida
no meu doce de abóbora.
Está cozinhando, cozinhando.

de repente,

viro mulher aranha e como todos os mosquitos venenosos...
Crio uma barriga d’água e
fico exposta no circo de horrores.
Viro atração internacional.
Sou cumprimentada por grandes astros internacionais: Marcelo Mastraioni,
que ressuscita só pra me cumprimentar.
Sophia Loren, lindíssima, como sempre.

Vitório Gasmann,
Ressuscitado, me dá um beijo.
Ah! Sou beijada por astros internacionais.

E numa dessas, sou engolida
pelo Tubarão medíocre...
Corto sua barriga com meus dentes afiados, tratados (depois do bruxismo)
e emerjo, linda, em águas profundas,
como sereia.
Encantada, sou convidada para fazer o infantil, o mundo das sereias.

Vejo o tubarão, ensaguentado,
barrigudo, com dor
e morro de rir.
Um bruta monte, sem força,
sem charme nenhum,
nem sofrer ele sabe. Tapado!!!!

Bem,volto para minha realidade, abastecida.
Comi o tubarão (sozinha),
meu médico disse que precisava de fosfato.
Tenho fosfato para mais de dez mil anos.
Fico com a cabeça a mil,
mas o corpito de pequena sereia....
Sou convidada por Hollywood para dar palestras sobre romantismo em baixa.

Primeiro, digo:
elimina todas as estrelas com botox.
O produtor, muito encantado comigo,
segue meu conselho.
Fecha  Hollywood, afinal,
todas as estrelas eram botozadas.

Desanimado. me procura e
marcamos um encontro na
Terra do Nunca.
No dia, horário planejado...
Chega o dia...
Terra do nunca.

Mas o encontro não acontece e
nunca mais nos vemos.




                                                    The end

3 comentários:

  1. Gostei minha poetisa! O seu eu-poético abusa da linguagem direta, de uma poesia que não se deixa enganar pelo mundo, mas antes disso, o descrever, o escancara com força e tira da realidade seus espinhos dolorosos! Essa sua poesia e crítica e de uma inteligencia surpreendente! O céu é degrade porque nem sempre pode ser azul, e a sua visão privilegiada sempre nos lembra disso! Maravilhosa poesia! Um beijo de fã!

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