Cai o véu
de organza, a nuvem pendurada,
o céu
escureceu e perdeu seu azul,
mas ele
ficou mais bonito, escuro, degradê.
Saio dos
escombros do romantismo
ilesa,
forte, sã e salva...
Meu corpo
recebe flechas cheias
de veneno
da realidade,
meu sangue
depura, renova e as expulsa.
Realidade
imersa, submersa.
Negra, de
uma negritude lustrosa, reluzente.
Saboreio
morangos vermelhos, meio passados,
seu gosto
ruim, azedo, não me surpreende.
Como diz
Nietzsche:
tudo que não me mata, me fortalece.
como diz o
dito popular:
o que não
mata, engorda..
Dou
tapas na escuridão,
em
mosquitos venenosos,
zumbem
em meu ouvido,
picam meus
abraços,
ando
perdida, sem abraços,
colo minha
foto,num mural
e fico
olhando, com um sabor de lirismo,
os abraços
envoltos no meu.
Vou à
cozinha e dou uma remexida
no meu
doce de abóbora.
Está
cozinhando, cozinhando.
de
repente,
viro
mulher aranha e como todos os mosquitos venenosos...
Crio uma
barriga d’água e
fico
exposta no circo de horrores.
Viro
atração internacional.
Sou
cumprimentada por grandes astros internacionais: Marcelo Mastraioni,
que
ressuscita só pra me cumprimentar.
Sophia
Loren, lindíssima, como sempre.
Vitório
Gasmann,
Ressuscitado,
me dá um beijo.
Ah! Sou
beijada por astros internacionais.
E numa
dessas, sou engolida
pelo
Tubarão medíocre...
Corto sua
barriga com meus dentes afiados, tratados (depois do bruxismo)
e emerjo,
linda, em águas profundas,
como
sereia.
Encantada,
sou convidada para fazer o infantil, o mundo das sereias.
Vejo o
tubarão, ensaguentado,
barrigudo,
com dor
e morro de
rir.
Um bruta
monte, sem força,
sem charme
nenhum,
nem sofrer
ele sabe. Tapado!!!!
Bem,volto
para minha realidade, abastecida.
Comi o
tubarão (sozinha),
meu médico
disse que precisava de fosfato.
Tenho
fosfato para mais de dez mil anos.
Fico com a
cabeça a mil,
mas o
corpito de pequena sereia....
Sou
convidada por Hollywood para dar palestras sobre romantismo em baixa.
Primeiro,
digo:
elimina
todas as estrelas com botox.
O produtor,
muito encantado comigo,
segue meu
conselho.
Fecha
Hollywood, afinal,
todas as
estrelas eram botozadas.
Desanimado.
me procura e
marcamos
um encontro na
Terra do
Nunca.
No dia,
horário planejado...
Chega o
dia...
Terra do
nunca.
Mas o
encontro não acontece e
nunca mais
nos vemos.
The end
Gostei minha poetisa! O seu eu-poético abusa da linguagem direta, de uma poesia que não se deixa enganar pelo mundo, mas antes disso, o descrever, o escancara com força e tira da realidade seus espinhos dolorosos! Essa sua poesia e crítica e de uma inteligencia surpreendente! O céu é degrade porque nem sempre pode ser azul, e a sua visão privilegiada sempre nos lembra disso! Maravilhosa poesia! Um beijo de fã!
ResponderExcluirObrigada amigo querido. Bjo
ResponderExcluirObrigada queridíssimo. Um beijo
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