Solidão, menina endiabrada, acariciada pelo silencio,
brincando com os fantasmas do tempo...
tiro uma caixa do armário, com fotos amassadas,
e vejo, um desfile de rostos conhecidos...
meu tio Ariston, meu pai, meu irmão,
o espanhol turrão...
todos congelados, petrificados,
formando o cordão dos adormecidos, em épocas que já se foram.
Olho seus semblantes, rígidos e pálidos,
uma mancha marrom no queixo...
um olhar perdido...
São nuvens perdidas no espaço,
são ventos de moinhos desconhecidos,
são vértebras enterradas no passado.
A tristeza e a saudade me contaminam,
da infância, das brigas, dos abraços apertados.
Olho no fundo do baú e vejo inúmeras máscaras escondidas...
Me enrolo em enfeites bizarros e visto as máscaras...
Atravesso o tempo discordante,
Com o olhar fixo, sinto o presente...
do outono gelado melancólico.
Entre multidões, invisível e calada, não vejo nada e ninguém.
Me congelo no tempo das fotografias, das imagens em sua quietude.
Lá fora, o vento balança folhas de árvores...
Figuras estancadas em sua estranheza e fragilidade são observadas e nem se movimentam.
O sorriso congelado, o olhar perdido, a pose para a foto.
Engulo a saliva e prezo figuras que se foram e que são agora:
rabiscos da memória
guardiões do passado
olhares enevoados,
gigantes adormecidos,
rosas murchas, sem seus espinhos picantes
que se aquietaram nas cavernas do tempo...
Entrego-me aos abraços do tempo,
entre pedras de gelo e fluidos de carinho.
The end
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