quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Medo

Encaixoto caixas gigantes no meu quarto escuro,
vejo seres invisíveis atravessando o muro,
percorro o corredor estreito com tremores no peito
vejo moribundos terminais deitados em seus leitos.

Caminho entre nuvens escuras assombradas
com a coragem cambaleante amordaçada
entro num túnel escuro e caio no desfiladeiro,
vejo estátuas petrificadas enterradas em canteiros.

Imobilizada, olho o horizonte acorrentado nas planícies,
com pássaros negros voando seus voos rastejantes
estoco aflições antigas em armários descascados
sou atacada por delírios, com o coração disparado

Vidas amortecidas com sua gênese esquecida, 
amorosidades petrificadas deslizando no gelo,
enlevos perdidos massacrados entre duelos,
seres partidos, sem esperanças,sem apelos.

Parada, sucumbo como uma casa demolida
desnudo minha alma cheia de feridas
viro o pescoço e enxergo vidas esvaídas
sem esperança, em desamor, exauridas.

Fantasmas da agonia passeiam ao meu redor
trêmula, com suores, me escondo entre lençóis
com as mãos amarradas, comprimo todo meu ser
desanuvio minha mente e começo a correr.

Entre arbustos e gramas verdes caio no chão
olho para o medo e pego em sua mão
amando sua rejeição com compaixão
nomeio o medo como meu guardião.

Desanuvio minha mente da escuridão,
elimino fantasmas da minha fantasia
rodopio com o medo em acrobacias
e vejo o despertar de um novo dia.

Galhos e flores começam a brotar,
me depuro do medo e começo respirar
novos ares, novas canções, a suspirar,
iniciando nova vida em direção ao amar...

The  end


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