quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Seres do avesso

Você tem a necessidade de inverter a ordem das coisas
talvez porque não encontre mais prazer em ver as coisas como elas são
só que essa ordem obtusa é reclusa
e não encontra eco em nenhuma relação

Desvendo sonhos amarrotados, e
voce insiste em rasgar flores
voce confunde  amores com dores
flores não são papéis que podem se rasgar
e seres são feitos para amar

é tristeza? é rebeldia? é loucura? não sei....

É difícil sentar numa cadeira virada, tombada...
suas pernas me machucam, me ferem...
É difícil vestir uma blusa rasgada, esfarrapada.....
ela não vai cobrir suas feridas, nem agasalhar seu frio, seu brio....

com a boca amordaçada, meu ser se inverte, se submete
atolado na inocencia, submerge....
num rio de carencia de nascença
de verdades sem procedencia


te  falo de amor e faço estrofes  rimar
mas sinto que atrás dessas versos
existem sentimentos adversos
de origem desconhecida
que não consigo controlar

e atrás de cada frase de amor, existem turbilhões
de senões, erros, inaceitações,
 inadmissões, opiniões e  trovões....
algumas feridas  da vida esvaída
que não consigo lidar,
é a incapacidade de amar......

tento derrubar paredes com a pontinha do dedo....
amputo minha unha e corro atrás do vento
durmo ao relento
esfolo minha pele e começa a sangrar
quebro vasos com flores
e a água começa a esparramar

entre horrores e dores
mergulho no rio da incerteza, e
vejo o eixo da vida se alterar
entre barrancos amarronzados
e insetos coloridos
docemente me deixo afogar......

sou socorrida e abastecida....
por grandes mestres da vida
de poetas cantantes, falantes, pulsantes
e começo a depurar....


acordo assustada, agitada
desses entrevero amoroso



sofro martírios desse amor impiedoso
entre mistérios e gozos gasosos
tiro um cochilo gostoso
e desperto prá vida encantada,
da vida abençoada
nas suas diferentes formas de amar.....


                                             The end

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