terça-feira, 28 de maio de 2013

Hoje, minha alma chorou




Saio do buraco, como tatu
olho dos lados,
não vejo ninguém

Corro...
bichos pretos, peludos, invadem o espaço
como maestro da noite
tento reger discordâncias

urro...
um batuque ao longe escoa seu desespero
uma orgia de sensações, uma dança se apossa de mim

despenco...
um corrimento sai do meu corpo,
fazendo brotar um feto semimorto, se debatendo,
ainda existe vida...

ah, que vontade de rasgar esse redemoinho
furar esse papel com os dedos, abrir meu corpo trêmulo, deixando à mostra essa orgia de sensações

O Universo rasgado de estrelas, num céu escuro, sorri pra mim
um tambor giratório com índios agrupados em tochas de fogo se movimentam

Sou possuída por deusas

crianças mexicanas soltam seu canto em gemidos
vejo raízes fincadas na terra

uma menina
uma lágrima,
um pé encardido no chão
 
                                                                       The End

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