quinta-feira, 26 de abril de 2012

Da menina que virou bicho




Cadê o gato?

o rato comeu..,.

cadê o rato?

voou pela janela, com os sonhos de menina


"Perdi, antes de nascer, o meu castelo antigo".

Só quando deslizo em lamas de ouro,

me esfria a saudade do céu azul com nuvens de cordeirinhos


do outro lado do muro,

Terezinha de Jesus canta em dueto com a menina de ovos de ouro:

A canção da cigana, do boi da cara preta

Na escola maculada, a menina desaprende o verbo e leva chicotadas

de megeras da alfabetização.


Entre risos e choros a menina aquece seus tormentos


À noite, abafa seus sonhos com cobertores pesados, fétidos,


Seus cachos encaracolados são cortados por tesouras gigantes de aço preto


no brejo, aproxima-se de um sapo... ao beijá-lo, o sapo vira jacaré e a engole...


A tragédia do primeiro ato se encerra, e a  a cortina se fecha,


pelos começam a grudar em seus devaneios


seus pés crescem e se petrificam


seus olhos se congelam,


e seu rosto vira uma máscara de ferro

 

o horizonte é cortado por vértices afiadas,

a menina se debruça em  névoa molhada,

seus ídolos caem em mortalhas

nesse calvário, sem nobreza,

o  enterro da menina acontece num dia de chuva...

 


                                                                  The end

2 comentários:

  1. As nossas crianças a um passo da marginalização.

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    1. Sim, Unknown, nossas crianças... o que lhes resta, ciranda, cirandar....somente cirandar....muito triste....

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