quarta-feira, 9 de maio de 2012

Imperfeição - Anticorpos da alma



(Em homenagem à Violeta Parra)

Eu não quero a perfeição

quero a imperfeição dos grãos de areia esparramados, inundando o mar

quero a terra vermelha, cheia de vermes, enrubescendo o horizonte

como o musgo das pedras que solidifica águas paradas


como o céu escuro, cheio de nuvens, quero o meu avesso...

quero as poeiras  férteis das sensações  que lubrificam os sentidos

como o olhar enevoado que acelera os sentimentos

como a merda expelida  que dá o toque de lavanda do corpo


como as cinzas do carvão que aquecem caminhos


Eu quero me divertir com a minha desgraça

como amores em vão, esquartejados na esquina do pecado

quero o sangue que escorre da alma, alimentando veias sanguinárias

eu quero o ser frágil em suas imperfeições e impermanências


No acovardamento  com as minhas decisões,

quero amargar  na decepção comigo mesma

o êxito para mim, tem um sentido adverso

Só no abandono consigo sentir a pulsação do existir

como um raio de sol obstruído pela noite que chega

"A minha vida é inteiramente fútil e inteiramente triste".

 

The end

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