segunda-feira, 23 de abril de 2012

Gotas de sangue



Gotas de sangue

escorrem da melancolia,

do dia que se foi,

do frescor adiado,

do mel que virou melado



retiro-me do ar!

para o aconchego

de ninhos sem ninhadas

de passarelas amargas,

sem brilhos, opacas.



Como gotas de licores afrodisíacos

esvaindo de buracos sagrados

jogo a minha emoção

em águas de bacias mornas


Estou morrendo...
 
fantasio a morte em cenas impróprias para menores de 80 anos


subo no monte de Narayama

bucar a dignidade na balada de Kurosawa

despenco no Weekend à Francesa, de Godard

me despejo nos cânticos de Maria Callas


vejo a minha lucidez endividada

com amanhãs inexistes, em fumaças sujas, disformes,

como espectros atormentados


Estou em ruínas


Me enrolo embaixo de cobertores abafados,


sigo em caminhos, a túmulos sem fim...



                                                           The end

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