quarta-feira, 20 de junho de 2012

Meu encontro com o Senhor Bopprê



Na França Medieval,
encantada sempre com as letras,
não via a hora de me encontrar com aquele velhinho,

de barbas brancas, sábio condutor das palavras

Líamos à tarde, velhos livros e autores clássicos

Me encantava com sua sabedoria e sua rabujice

Fazia-me deleitar em versos, saboreando o chá de frutas com canela

dizia-me, leia!

e eu ria,

e ele, categórico,

Leia! leia!

Um dia, após a  sua ausencia

fiquei o dia inteiro rasgando meu  intelecto preguiçoso

de repente, ouvi Ave Maria de Brahms

peguei a caneta e fiz uma enxurrada de versos

molhados com a goteira que caia sobre os meus papéis...

vi e ouvi, céus  e infinitos...

mergulhei num universo com muitos versos

e tatei a poeira dos livros

sentindo a textura de sua grafia

emsaboei meus sentidos de bebidas doces de Baudelaire

cai na gosma grudenta de Chateaubriand

aliciei Proust em minha cadeira, colocando-o em minha cama

senti os vapores voluptuosos de Madame Bovary

e esvaziei meus sentidos com a loucura charmosa de Camile Claudel


Um outro dia

Ressurge Senhor Bopprê,

e me questiona, o porquê de tanta bagunça, estardalhaço em minha casa

Falei a ele, estou limpando a poeira do intelecto,

e, ele respondeu

Nada disso é necessário,

a sabedoria é serena e mansa e o vulcão só aparece com a morte

nadas em fogueiras de águas,

o conhecimento é a simplicidade da vadiagem...

The end

Nenhum comentário:

Postar um comentário