quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Abraços congelados

Abro meus braços, entre abraços partidos,

recebo flechadas de bandidos forasteiros

escondo meu rosto entre inocentes perdidos

vejo uma águia de asas cortadas e vou ao encontro de urubus falantes...


reparto rapaduras entre crianças famintas


perco minha boneca de pano,

de pé no chão, com uma lágrima, sem boneca,

divido minha dor com lágrimas encarceradas


e vejo minha vida em um único ato!

tragédias prateadas com idílios de anjos

 entre megafones, conclamo:

Atenção, Atenção!

boneca de pano roubada do colo de uma criança

criança esvaida na dor, em prantos

Amigos, nenhum...


 


Entre flechas cruzadas no espaço


sou atingida por uma mortal,


me enrolo em abraços despedaçados


perco minha boneca de pano


afugento dores em  rios secos.



"Conceber-me de fora, foi a minha desgraça

Sofri a humilhação de me conhecer

Compreendi que era impossível alguém amar-me"
 


Com o pé no chão, afugento minhas lágrimas


entre rodopios de aflição, gero seres famintos


abasteço risos secos com lágrimas vermelhas

me esvaio entre dores encarceradas


e vislumbro meu fim sem the end...

 


Final do primeiro ato.

Um comentário:

  1. Adorei esse poema minha poetisa! O interessante é que depois que o li, veio a minha cabeça a idéia de colocá-lo em outro tempo verbal, no caso o passado, e para minha surpresa ele ganhou em beleza e força! Tente para ver! Como sempre a sua noção de progressão teemporal é maravilhosa! É quase um conto poetico! Se um dia você se aventurar pelos caminhos da prosa, tenho certeza que se sairá bem, devido ao seu grande talento! Um grande beijo minha querida poetisa!

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