quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mulher apaixonada

Minha primeira crônica.



Mulher apaixonada é foda!
Nesse rio de carências, sem "inos", sem cobertores masculinos, a mulher deflagra.
Nesse mar de solidão, nessa busca da tampa da panela, a mulher se esvai aos encantos masculinos, ou nos escombros desses abraços partidos...
Fica então, a fêmea,  desejosa do macho, se buscando no processo de sedução, querendo a todo custo, encantar, consquistar o precário homem, em  suas inseguranças,  afirmações e fragilidades.
Mas pergunto, o que adianta a mulher se florir tanto e esparramar sua libido, desejos e encantos,  se o homem  escolhido é vegetariano e só come intelectos! Fica aí, a confusão da "presa" no processo das escolhas erradas...
E a paixão é gutural e  confusa, é um misto de tesão, floreios, projeções, indagações...
É companheiro, mas ela existe e despedaça corações, gerando  mortes e suicídios....que horror!
Mas,e a mulher, como fica?  Querendo desfilar com seu macho, como uma pavoa, ela se lambuza de cremes, tratados e etiquetas...
O homem, nesse patamar, se sente o herói no seu pódio, com todas essas disputas fúnebres, ele se torna uma espécie, rara, quase sagrada ao universo feminino...
O social encarca e encarcera desejos femininos em guetos escuros e soturnos... ficamos assim, a mercê de afetos não correspondidos, de carências e sonolências...sentamos a beira de abismos impregnados pelos ritos de passagem.
Assim, ela cobre sua nudez com o afeto da comida, da oração ou da perdição?
 Mas o que é perdição? Senão o ato de se perder ou perder-se?
Então, é preciso se  perder, para encontrar a  genialidade, a coragem de se lambuzar dos prazeres masculinos sem cair na rede tosca do desamparo e da solidão...
Erguer os tabus e mesclá-los em arcos iris da metamorfose, da alquimia sorrateira do encanto, genuíno, pueril. Dessa sensibilidade feminina, tão formosa, como formol, que atravessa os tempos, e permanece imune em épocas históricas, cheias de histórias pra contar.


The end

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