quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Vozes mudas

Estátuas de bronze adormecem nos jardins dos esquecidos,
cabeças cortadas submergem no esgoto cheio de lodo,
crianças com vendas nos olhos, retalham filhotes de
[passarinhos,
entre a fome e o frio congelado, brincam de mímica nos
[suores da noite.


Com suas calças rendadas, prostitutas fazem a ronda da
[noite,
em esquinas escuras, postes altivos iluminam o vazio
[ensurdecedor.
sirenes barulhentas ferem o silêncio seco sem aconchego,
ratazanas saem do seu esconderijo, bisbilhotando
    [transeuntes pálidos.


Loucos feridos fogem de hospícios com seus aventais
[compridos
afugentados das alucinações patinam na neve da comoção e
[da dor,
comiserados do destino sofrem atentados do desatino,
árvores descontroladas soçobram nas tempestade de
[pedras,
ventos alucinantes dançam na escuridão chuvosa...
Fúrias engessadas cobrem devaneios inúteis,
possessos se trombam em avenidas escuras,
tenentes sem fardas lamentam o tempo perdido
meninos de rua limpam faróis quebrados, cortantes,

Vozes sem liberdade escoam em ralos fétidos,
amores em vão raspam carnes  sanguinolentas,
gemidos adormecem em calçadas cheias de vômitos,
romances se quebram em bares da esquina...

Pescoços pendurados apodrecem em praças públicas,
vozes esganiçadas ressoam no infinito...
cantos de rouxinóis fracassam em rochedos montanhosos,
restos mortais se misturam com fragmentos de vidas...


The end

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