terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sem palavras




O vento levou as minhas palavras. Ficou uma, 
o vazio
Passo a mão no meu corpo e sinto meus órgãos internos
Passeio agora sobre eles, sinto meu intestino, minha barriga, minha boca que se fecha, e vejo a brisa pela janela. Passo a língua no céu da boca, e respiro o vazio, o nada.
Sensações antigas me visitam. Me sento com elas e me remeto às lembranças...
pai, irmão, que já se foram, e penso, nas pessoas que restaram.
Coloco minha boca à disposição do lanche que ora me aguarda. Sinto o pão entre meus dentes, o chá quente queimando meus lábios. Olho pro nada. Consinto o desespero, suave...
Consinto as imagens que ora aparecem. Franzo a testa e novamente me viro para a brisa.
Consinto todos os sentimentos, são meus, é a minha barganha com a vida.
Vida chula, tola, leve como a bola que rola. Deixa rolar. Chega de grandes tensões, de grandes paixões.
Dou passagem para o artificial, dou corda à ele. Faminto, ele conduz esse meu doce vazio.



The End 

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