quinta-feira, 8 de março de 2012

Fundo do poço


Mergulho no vazio em cacos

ouço ruídos do trincar de  ossos

vejo a escuridão e me apoio em paredes de papelão

aquieto e aqueço minhas entranhas

pra não sufocar, angario suspiros e respirar...

farta em comilanças, me despejo no poço sem fim,

atravesso seus detritos e sua escuridão,

encontro cogumelos coloridos,

fatias de sentimentos cortadas, cheirando à mortadelas,

adormeço em fezes endurecidas

visualizo antenas partidas em curtos circuitos

faíscas do sangues em borbulhos...,

espremo toda a dor

descarrego  meu varal de de sonhos apodrecidos da infância,

desperto na maturidade endurecida, tesa, escorregadia...

abraço meu limo, meu cheiro de desamor

acaricio meu desnudamento,

em cinzas, me vejo

voando pelo infinito...


 
                                                                       The end




                        

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